sábado, 12 de maio de 2012

eu e eles, até sempre Sassetti

Têm tempo? É que esta é uma história grande. Começa em 2000, quando vi o Peixe Lua. Não sei ao certo se foi dele ou dela que gostei primeiro. 

"Conheci" a Beatriz Batarda quando estagiava na Agenda Setting em Coimbra e fiz uma proposta de capa para o filme. Gostei tanto dela que lhe comecei a seguir os passos. Afinal era designer gráfica, como eu. 

O Sasseti veio depois, quando o conheci no Portalegre Jazz Fest (ainda no tempo do Crisfal, o velho Crisfal)…era tímido mas já tinha aquela paixão, aquela paixão que só têm os grandes. Comprei o primeiro cd, depois outro, depois outro, depois outro e acabou por ser o meu companheiro de viagem, de trabalho, de aulas de desenho…enfim sempre ali em paralelo a mim. 










Quando o parei no meio da Rua em finais de Setembro do ano passado recebi o meu melhor presente de casamento. A tarde iluminou-se de alegria e a noite foi longa. Entre conversas e descoberta gostei dele mais. 

Houve quem me prometesse o Sasseti no meu casamento, mas infelizmente não se cumpriu a promessa. Por muito pouco, visto que o Sassetti ficou tentado quando lhe disse que do espaço do meu casamento se via Marvão. Ele era assim, tinha uns olhos de quem tem sempre os olhos abertos ao belo, ao intenso, à vida. 

A última imagem que tive do Bernardo foi a fazer-me adeus e a entrar no Hotel junto a minha casa, com aquela t'shirt de riscas e aquele sorriso que só têm as pessoas que não se cansam. Ele não se cansava. 

Ontem quando soube que ele tinha partido, senti a dor de quem perde um amigo, de quem perde um companheiro de viagem. E lembrei-me dela, a doce e mágica Beatriz. Desacreditamos quando acontecem estas coisas. 

Coisas que não deviam acontecer, coisas nas quais não dá para encontrar o lado bom. Coisas que fazem pensar: com tanto ignóbil que há para ai inútil, porque é que Deus nos leva os que valem a pena. 

Quem leia o meu texto pode pensar, "credo" parece que lhe morreu uma pessoa de família. Pois o Bernardo Sassetti não era da minha família, não me telefona no aniversário, não lhe ligava no Natal, não éramos amigos, não nos víamos com frequência, nunca fui a casa dele. Mas ele deu-me muito sem receber nada em troca. E isso é o que fazem os amigos, não é?

OBRIGADA. Muito obrigada, por aquele presente de casamento, pela música, pela fotografia, pelos espectáculos. Obrigada pelos olhos bem abertos. 

Vou ouvir-te sempre. Descansa em paz e naquele silêncio em que transformas o teu piano.

Até sempre Bernardo Sasseti. 


2 comentários:

  1. Sabia que te ias sentir assim...afinal até a forma como dizes Sasseti é diferente. Nunca entendi porque eras tão fã sempre achei que era uma 'coisa' muito tua tb nunca tinha perguntado.
    Mas esta morte é horrorosa!!

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  2. Morreu pela intensidade com que vivia tudo o que amava fazer. Isso é o que me conforta. Não imaginas a pessoa maravilhosa que ele era!

    Se calhar ainda vale a pena ouvires com atenção para entenderes...a banda sonora do Alice é brilhante. Do it.

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